quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

RESENHA: A hora da estrela

Título: A hora da estrela        
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Gênero: Novela brasileira
Páginas: 88
Ano: 1977
Faixa de preço: R$9,90 - R$19,90
Avaliação: 5/5

Vocês votaram e a resenha de “A hora da estrela” finalmente saiu! \o/

Na última segunda-feira (15/2) teve votação no Instagram do Blog da Nanda Lisbôa (segue lá!) e  hoje o grande vencedor será resenhado aqui!

Para quem não viu a enquete rolando lá no Instagram (ainda dá tempo de seguir =P), explico como funcionou: três opções de livros foram dadas, dos quais apenas um seria resenhado aqui no blog hoje (não que os outros não possam ser resenhados mais pra frente, claro). As opções foram “A hora da estrela”, de Clarice Lispector; “Maus”, de Art Spiegelman; e “Mulheres”, de Carol Rosseti. E esse queridinho da foto aí em cima escrito pela notória e excêntrica Clarice Lispector venceu de lavada (o que confesso que me surpreendeu, porque os outros títulos também são bons demaissss)!

O legal é que esse livro é um clássico da nossa literatura brasileira que, apesar de ter sido escrito há certo tempo, possui uma temática e abordagem super atuais. Na minha opinião,  "A hora da estrela" é um livro que deve ser lido e relido por todos aqueles que apreciam uma boa leitura. Ainda não entendi o porquê do meu pouco contato anterior com a Clarice, além de algumas crônicas soltas eu somente havia lido o livro “De escrita e vida - crônicas para jovens” (o qual precisei reler depois da sede de Clarice que "A hora da estrela" me deixou). Mas, agora posso dizer que efetivamente li Clarice e sim, já coloquei muitos outros títulos da autora na minha lista e pretendo lê-los o quanto antes possível!

E agora vamos à resenha! \o/

“A hora da estrela” retrata a vida da protagonista Macabéa, uma alagoana que fica órfã bem cedo e é criada pela tia e, anos depois, migra para a cidade do Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. A nordestina é uma moça ingênua e inocente, que não tem grandes ambições e desconhece muito do mundo. Sua vida resume-se em ouvir o rádio relógio e trabalhar como datilógrafa para o doutor Raimundo.

Certo dia, Macabéa começa a namorar Olímpico de Jesus, um metalúrgico também nordestino, mas que diferentemente dela, possui grandes ambições. Por ser ambicioso no mau sentido da palavra mesmo, em certo ponto da história Olímpico troca Macabéa por sua colega de trabalho, pois o pai desta possui um açougue e pode assim lhe oferecer condições de vida mais favoráveis.

"A hora da estrela" serve como um retrato da vida do nordestino migrante no Brasil e, mesmo tendo sido escrito em 1977, pode ser considerado super atual. Não sei dizer se a escrita de Clarice era futurista, se foi o nosso país que não progrediu em todos esses anos ou se as duas coisas (mas ouso dizer que considero mais a última opção).

Para mim, um dos pontos altos dessa obra é ver como o narrador, que se coloca em terceira pessoa, costura na narrativa muitos de seus pensamentos a respeito do seu processo de criação e escrita e fala sobre as suas questões existenciais. Rodrigo S.M. é o seu nome, um homem que claramente faz parte da elite brasileira e que sabemos de que se trata de Clarice Lispector. Ainda que não soubéssemos que Rodrigo é, na verdade, Clarice, poderíamos deduzir (ou pelo menos apontar tamanha semelhança entre ambos) devido ao estilo marcante da autora impresso em mais este texto.

Pequeno trecho da orelha escrita pelo jornalista José Castello:

“[...]‘A hora da estrela’ é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues.”

Nesta obra, Clarice direciona uma espécie de holofote para uma mulher que protagoniza uma história simples e corriqueira, mas que ocorre tanto até os dias de hoje por aí. Macabéa me parece ser o contraponto de Clarice, pois é tudo aquilo que a escritora não é (mas talvez em alguns momentos quisesse ser): não se dá conta do existir, vive só por viver, é praticamente imperceptível. A angústia sentida pela autora no momento da escrita é perceptível, provável resultado de um comportamento depressivo. "A hora da estrela" é um livro ao mesmo tempo triste e encantador.

Publicado no dia 26 de outubro de 1977, pouco antes da morte da escritora em 9 de dezembro do mesmo ano (foi, portanto, o seu último livro lançado em vida), o livro foi adaptado para o cinema pela diretora Suzana Amaral em 1985, quase dez anos depois de sua publicação. O filme (que você pode assistir aqui) chegou a ganhar diversos prêmios, dentre eles o Urso de Prata no Festival Internacional de Berlim para Marcélia Cartaxo (Macabéa) como melhor atriz, em 1986.

O final dessa narrativa é marcante e surpreendente. Afinal, qual será a hora da estrela?

Sobre a autora:

Clarice Lispector é considerada uma das principais escritoras brasileiras do século XX. Suas obras mais conhecidas, além de “A hora da estrela”, são “Laços de família” e “A paixão segundo G.H.”. Além de escritora, trabalhou jornalista e tradutora. Dona de linguagem única, tem a sua obra completa publicada aqui no Brasil pela editora Rocco (veja a obra completa da autora aqui).

Extra: neste link você pode conferir a única entrevista televisionada de Clarice Lispector, concedida ao jornalista Julio Lerner, da TV Cultura, no mesmo ano de sua morte (1977).

Você encontra A hora da estrela por um preço mais em conta nos sites das livrarias Cultura e Saraiva e também no site da Amazon.

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