Título: A hora da
estrela
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Gênero: Novela brasileira
Páginas: 88
Ano: 1977
Faixa de preço: R$9,90 - R$19,90
Avaliação: 5/5
Vocês votaram e a resenha de “A hora da estrela” finalmente
saiu! \o/
Na última segunda-feira (15/2) teve votação no Instagram do
Blog da Nanda Lisbôa (segue lá!) e hoje o grande vencedor será resenhado
aqui!
Para quem não viu a enquete rolando lá no Instagram (ainda dá
tempo de seguir =P), explico como funcionou: três opções de livros
foram dadas, dos quais apenas um seria resenhado aqui no blog hoje (não que os
outros não possam ser resenhados mais pra frente, claro). As opções foram “A
hora da estrela”, de Clarice Lispector; “Maus”, de Art Spiegelman; e
“Mulheres”, de Carol Rosseti. E esse queridinho da foto aí em cima escrito pela
notória e excêntrica Clarice Lispector venceu de lavada (o que confesso que me
surpreendeu, porque os outros títulos também são bons demaissss)!
O legal é que esse livro é um clássico da nossa literatura
brasileira que, apesar de ter sido escrito há certo tempo, possui uma temática
e abordagem super atuais. Na minha opinião, "A hora da
estrela" é um livro que deve ser lido e relido por todos aqueles que
apreciam uma boa leitura. Ainda não entendi o porquê do meu pouco contato
anterior com a Clarice, além de algumas crônicas soltas eu somente havia lido o
livro “De escrita e vida - crônicas para jovens” (o qual precisei reler
depois da sede de Clarice que "A hora da estrela" me deixou). Mas,
agora posso dizer que efetivamente li Clarice e sim, já coloquei muitos
outros títulos da autora na minha lista e pretendo lê-los o quanto antes
possível!
E agora vamos à resenha! \o/
“A hora da estrela” retrata a vida da protagonista Macabéa,
uma alagoana que fica órfã bem cedo e é criada pela tia e, anos depois, migra
para a cidade do Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. A
nordestina é uma moça ingênua e inocente, que não tem grandes ambições e
desconhece muito do mundo. Sua vida resume-se em ouvir o rádio relógio e
trabalhar como datilógrafa para o doutor Raimundo.
Certo dia, Macabéa começa a namorar Olímpico de Jesus, um
metalúrgico também nordestino, mas que diferentemente dela, possui grandes
ambições. Por ser ambicioso no mau sentido da palavra mesmo, em certo ponto da
história Olímpico troca Macabéa por sua colega de trabalho, pois o pai desta
possui um açougue e pode assim lhe oferecer condições de vida mais favoráveis.
"A hora da estrela" serve como um retrato da vida
do nordestino migrante no Brasil e, mesmo tendo sido escrito em 1977, pode ser
considerado super atual. Não sei dizer se a escrita de Clarice era futurista,
se foi o nosso país que não progrediu em todos esses anos ou se as duas coisas
(mas ouso dizer que considero mais a última opção).
Para mim, um dos pontos altos dessa obra é ver como o
narrador, que se coloca em terceira pessoa, costura na narrativa muitos de seus
pensamentos a respeito do seu processo de criação e escrita e fala sobre as
suas questões existenciais. Rodrigo S.M. é o seu nome, um homem que claramente
faz parte da elite brasileira e que sabemos de que se trata de Clarice
Lispector. Ainda que não soubéssemos que Rodrigo é, na verdade, Clarice,
poderíamos deduzir (ou pelo menos apontar tamanha semelhança entre ambos)
devido ao estilo marcante da autora impresso em mais este texto.
Pequeno trecho da orelha escrita pelo jornalista José
Castello:
“[...]‘A hora da estrela’ é um romance sobre o desamparo a
que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues.”
Nesta obra, Clarice direciona uma espécie de holofote para
uma mulher que protagoniza uma história simples e corriqueira, mas que ocorre
tanto até os dias de hoje por aí. Macabéa me parece ser o contraponto de
Clarice, pois é tudo aquilo que a escritora não é (mas talvez em alguns
momentos quisesse ser): não se dá conta do existir, vive só por viver, é
praticamente imperceptível. A angústia sentida pela autora no momento da
escrita é perceptível, provável resultado de um comportamento
depressivo. "A hora da estrela" é um livro ao mesmo tempo triste
e encantador.
Publicado no dia 26 de outubro de 1977, pouco antes da morte
da escritora em 9 de dezembro do mesmo ano (foi, portanto, o seu último livro
lançado em vida), o livro foi adaptado para o cinema pela diretora Suzana
Amaral em 1985, quase dez anos depois de sua publicação. O filme (que você pode
assistir aqui) chegou a ganhar diversos prêmios, dentre eles o Urso
de Prata no Festival Internacional de Berlim para Marcélia Cartaxo (Macabéa)
como melhor atriz, em 1986.
O final dessa narrativa é marcante e surpreendente. Afinal,
qual será a hora da estrela?
Sobre a autora:
Clarice Lispector é considerada uma das principais
escritoras brasileiras do século XX. Suas obras mais conhecidas, além de “A
hora da estrela”, são “Laços de família” e “A paixão segundo G.H.”. Além de
escritora, trabalhou jornalista e tradutora. Dona de linguagem única, tem a sua
obra completa publicada aqui no Brasil pela editora Rocco (veja a obra completa
da autora aqui).
Extra: neste link você
pode conferir a única entrevista televisionada de Clarice Lispector, concedida
ao jornalista Julio Lerner, da TV Cultura, no mesmo ano de sua morte (1977).
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